A minha luz

A minha luz
"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."

sábado, 18 de setembro de 2010

O Luto!

Estamos numa tarde de sábado enfadonha e meia cinzenta. Eu e a minha princesa estamos sozinhas desde cedo. Já brincámos, fomos ao café, dormimos a sesta, enfim, o normal até chegar a nossa inflexível hora de ginástica.
A consulta de oftalmologia na semana passada não foi muito animadora, segundo a opinião médica a Filipa não vê quase nada o que dificulta em muito a sua interacção com meio externo.
Mas o principal objectivo deste post não é falar da Filipa mas sim da mãe. Grande parte das vezes colocamos este elemento em segundo plano, identificamo-nos como seres fortes e permanentemente activos na vida dos nossos filhos. É verdade que o somos mas também é verdade que sofremos muito mais que eles com esta realidade. Eu partilho da opinião que a Filipa só tem que ser feliz, independentemente da sua condição. Ela nasceu assim, não conhece outro modo, já os pais contrastam com a utopia que os nossos filhos um dia ainda serão crianças normais...
È muitas vezes surreal a edificação do futuro que prevemos para eles, escola, actividades normais, um curso superior e até o mais elementar passo de casar e ter os seus próprios filhos. Utopia, pura utopia.
De entre vários livros que seleccionei sobre o assunto houve um que me chegou por uma amiga a que dei especial atenção "Um Bebé Diferente". Enfoca basicamente a relação mãe-bebé onde inicia um estudo de caso com 12 crianças desde os 0 aos 12 meses e envolvimento da mãe nos vários contextos (interacção, ansiedade, sinais depressivos, motivação, etc).
O inicio é bastante confuso para o mais comum dos mortais, refere muita literatura de base dos vários autores sobre o assunto e refere quais as ferramentas utilizadas nesta avaliação. A segunda parte é o choque. São estudos de caso que ao passar pelos vários meses dentro do primeiro ano de vida se assemelham com a nossa inalterável condição. É especialmente violento o confronto que temos com a realidade, aquilo que acaba por ser a nossa realidade.
Nós mães, temos que admitir que embora encaremos a deficiência dos nossos filhos é-nos impossível dissociar a imagem que ainda fazemos de filhos saudáveis, aqueles que durante 9 meses divinizámos, lindos e extremamente inteligentes. Fisicamente acertei em quase tudo. Sempre disse que a Pipa, como carinhosamente lhe chamamos, nasceria com muito cabelo, olhos da mãe e a fazer beicinho. Não me enganei!!!
Este livro transporta-nos para uma outra realidade que não queremos ser nossa, a de ter um filho com atraso de desenvolvimento. Atraso esse que de um modo quase cândido insistimos em achar semelhanças com o normal, porque ri, porque reage, porque olha..... este livro coloca-nos frente a frente com a dor em minutos, basta ler o estudo de um bebe dos 0 aos 12 meses sem interrupções e é inevitável o sentimento de mágoa e frustração.
É quase como voltar á estaca zero, se antes me enchi de coragem ao ler literaturas de Delacato em busca da cura milagrosa que sinto que só eu vou achar, por outro a lado este livro leva-me ao ponto mais obscuro da doença.
Sim, só eu vou achar, porque eu não posso permitir que a minha filha fique com deficiências. Não a minha Filipa, não pode ser!! Agora sofro outra vez intensamente por conseguir identificar mais situações de uma criança com parelisia grave do que com o desenvolvimento de um bebé normal.
Fui obrigada a fazer um luto, aquilo que aconselho vivamente. De uma vez por todas tenho que desligar da imagem vinculativa que criei de bebé normal. A Filipa não é um bebé normal, é um bebé especial, a quem nós amamos tanto como se fosse normal.
O meu luto foi um episódia extremamente intimo o qual não tive coragem de contar a ninguém para que não surgissem criticas biformes. Se por um lado uns pensam que tardiamente fiz esta transição, outros pensam que estarei louca porque a Filipa é muito pequenina e pode "recuperar". Embora me agrade mais a segunda opcção tenho presente que é simplesmente utópica. Os outros tem direito de pensar assim, nós mães, temos o direito de fazer as várias transições neste processo a seu tempo, mas o fim culmina no luto e encarar a realidade.
Exponho-me aqui como em mais nenhum sitio, sinto que alguém irá ler e assemelhar tais pensamentos, mas assim não preciso de mostrar as lágrimas.
Numa tarde em que vinha do trabalho sozinha, já ao cair do dia, senti-me fraca, impotente aliás. Os 3 ou 4 dias anteriores tinham sido quase em estado depressivo mas sempre a tentar mostrar o lado forte. "Eu sou forte e faço tudo pela minha filha, portanto não há tempo para depressões ou choraminguiçes, há que encarar... " esta sempre foi a minha postura.
Nesta mesma tarde, já o meu marido tinha notado o meu desânimo, meti-me no carro rumo a casa. A viagem demora entre meia-hora a 45 min. A certa altura senti um sufoco que não pude controlar, um aperto arrebatador que me assolou dos pés á cabeça. Senti que os olhos teimavam em desabar contra a minha vontade e chorei, chorei outra vez e sofri!!!! Senti o impulso de aumentar o som do rádio com se por momentos me isolasse da realidade que insistia em afirmar-se e dei por mim a gritar. Gritei para que mil mundos me ouvissem, ofendi grosseiramente aquele médico que de forma desumana me mandou para casa para matar a milha filha perfeita.
Com muitas lagrimas no rosto, o volume do rádio no maximo e com a "voz dorida" achei-me muito pequena. Achei-me louca para melhor dizer, foi como se renascesse para um novo capitulo da minha vida, a realidade....

domingo, 12 de setembro de 2010

A Luta:)

Cá estamos!!!!!!!!!!
Na nossa vidinha de sempre mas que nos ocupa 24 horas por dia. A Filipa está a ser acompanhada pela intrevenção precoce. tem sessões 2 vezes por semana de meia-hora cada uma. Faz ginastica aos membros e aprende posturas correctas.
Já fez 6 meses. Está linda, simpática e muito menos chorona.
Comecei desde o principio a conhecer um novo eu. Vivo para a minha filha. Redireccionou totalmente a nossa vida, agora é ela e mais ela e quase sempre só ela.
Os meus planos de mudar de ciurso para Reabilitação Psicomotora continuam de pè, não este ano lectivo mas no proximo darei inicio a mais uma batalha.
A Filipa demonstra cada vez mais sintomas da sua triste condição, olhar distante, os membros superiores não fazem quase a nada a não ser a espasticidade que já lhe é natural e pouco emite sons.
Como somos duas batalhadoras decidimos procurar mais... E aí fomos nós, pedimos ajuda a amigos no ramo e fizemos mais umas pesquisas e neste momento a Filipa já está no colégio, para além disso tem um horário rigido no que respeita a fisioterapia, essa fisiotera´pia que eu faço questão de lhe fazer todos os dias aqui em casa.
Só tenho a agradecer á equipa de Intervenção Precoce de Estremoz mas infelizmente a Pipa não é a unica crinça a precisar de ajuda e eu como mãe, não me posso contentar com meia-hora 2 vezes por semnana.
Então temos ginástica todos os dias ás 19:00h, depois ás 20:00h massagem Shantala e depois banho.
Segundas, e Sextas trabalhamos mais os membros superiores, quartas os membros inferiores e terças e quintas vamos as duas para a piscina.
Tem sido assim as ultimas semanas e parece-me que temos tido alguns resultados. A Espasticidade dos membros diminuiu. Pelo menos isso!!!!
Dorme bem melhor.
Há dias em que estamos cheios de força e garra para continuar, outros quase nos apetece enfiar a cabeça na areia e nunca mais sair. Doeu bastante os primeiros dias de colégio, sempre que ia buscar a Pipa encontra mais 4 ou bebés da idade perfeitamente saudaveis e a brincar no tapete, no entanto a minha filha está condicionada á espreguiçadeira ou ao colo. Dá vontade de chorar é verdade mas o que importa é daqui para a frente e não o passado.
Acabei por fazer participação do serviço, a Ordem dos Medicos enviou remeteu ao concelho disciplinar e a Inspecção G das Actividades em saude abriu inquerito. Até agora é o que sei. O que importa é a Pipa e só vamos conseguir progressos ajudando-a todos os dias, viver por ela e para ela. È o nosso lema!!!!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O começo....


Já lá vão quase 6 meses. Começa agora a árdua tarefa de lutar contra as diferenças da Pipa. A estimulação é muito importante e por isso tem sido uma constante nas nossas vidas. A Filipa começa agora a quere reagir ao mundo exterior, mas tem limitações. A Encefalopatia Hipoxico-Isquemica Grau II que lhe foi diagnosticada é grave. Não sabemos ainda qual o seu futuro mas sabemos que é grave. A Filipa pode nunca chegar a andar, e sempre que projecto esta imagem na minha cabeça não cosigo evitar as lágrimas no canto do olho.
È demasiado duro para os pais iamginarem um cenário tão negro por um erro negligente e de natureza atroz. Como é que isto nos sucedeu???????
A Pipa, neste momento não controla os movimentos dos braços, não fixa o olhar em nós, aliás parece mesmo que não nos acha. Faz hipertonia dos membros superiores e por quase sempre as mãos fechadas é dificil trabalha-la. Não dá garagalhadas e emite sons básicos e raros como um "aaa" ou um "grr".
Qualquer mãe que olhe para um filho nestas condições desanima e ás vezes até apetece desistir. A Filipa´mais parece um autocolante, nunca quer deixar o colo e nós não conseguimos vê-la chorar. Se derivado ao problema ou mesmo do feitío, quando se irrita, contrai os musculos de uma forma que assusta.
Mas nós não desistimos, diariamente exercitamos todos os musculos, é vital que assim seja. Por fazer adução dos membros acaba por ter dificuldade em fazer o movimento oposto como abrir as pernas ou levantar os braços acima da cabeça, dói mesmo.
Cada dia é uma conquista e sempre que a minha filha sorri é uma alegria ainda maioe para mim. Por norma é uma bebé bem-disposta e a cada movimento que ela faz melhor é uma vitoria. Estes 15 dias que estive com ela a tempo inteiro foram fundamentais, consigo notar alguns progressos. Acredito que insistentemente com fisioterapia e muita estimulação a Filipa faça progressos ao seu ritmo. Não desisto hoje mesmo que tenha pouca vontade ou esteja em baixo e não desisto nunca de a trabalhar, só assim faço o melhor por ela.
A minha filha é o meu objectivo de vida e é por ela que resisto a tudo sem ficar presa ao passado.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Dia 41


Estamos a 2 meses e qualquer coisa do nascimento. A Pipa já está em casa e a ser acompanhada nas consultas de neuropediatria.
È uma bebé fantastica, linda e o orgulho do papá e da mamã....
Tem algumas birras, já sabe como chamar a atenção, coisa que aliás todos eles aprendem muito rapido...... Adora o banho e quando acorda bem-disposta é a maior simpatia.
É fenomenal a forma como passamos a ver a vida, tudo o que não seja Filipa não é relevante, principalmente quando somos assombrados pelos fantasmas das possibilidades de limitações. Não deixo de me sentir surpreendida com os sentimentos que ela me desperta.
É lindo ser mãe, sentir que trocamos a nossa vida se necessário para os proteger sem sequer hesitar. Fez-me crescer enquanto melhor e descobrir mais um pouco de mim que nem fazia ideia que pudesse existir com esta força.
Relembro muitas vezes as palavras do pediatra, "mais 15 min e já não havia nada a fazer....". E certo é que cada momento retida nesse pensamento me faz sentir pequenina e perdida. A ponto de cada vez que falo no assunto me emocionar.
Estou feliz e tranquila com a minha filha aqui do lado, sei que saberei reconhecer as necessidades dela e por isso a mimo tanto.
Só adormece ao colo, pois é, e qual é o problema???? Eles gostam e nós também. faz birra porque se habituou a dormir na nossa cama??? e depois???? nós somos a força, os pilares e as muletas que eles precisam para crescer confiantes e se sentirem amados. Mimos a minha filha tem de sobra, do amnahã tratamos depois, com a simples certeza que a minha direcção ou caminho a seguir é e será sempre no mesmo sentido do dela, lado a lado. Mãe compreeende ser amiga, protectora, quem cuida, quem adormece, quem dedica, quem vive. Para ela estar bem eu também tenho que estar, ela sente.................

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

o dia do parto.......


Sim é possível sentir a maior felicidade e a maior tristeza do mundo em simultâneo...
começou 3 dias antes do dia 22, comecei a sentir algumas dores que facilmente identifiquei como contracções, eram o mesmo que dores menstruais nos rins e uma por outra na barriga..... Muito certinhas e incomodas lá passaram a surgir de 6 em 6 minutos. Como ainda estamos a 50Km do Hospital decidimos sair.
Quando cheguei ao Hospital foi confirmada fizemos um CTG, que identificou as ditas contracções e os batimentos cardíacos da Filipa. Passámos a outra fase, a da dilatação, que se veio a concluir que ainda não existia, ou seja, ainda não estava em trabalho de parto.
A médica assistente mandou dar uma "voltinha" e comer uma dilatação leve. Mais tarde vamos confirmar se já havia dilatação, e nada, mas também as dores incómodas desapareceram um pouco..... por via das duvidas e por ter completado as 40 semanas nesse mesmo dia, sábado, pernoitei no Hospital. A noite foi horrível, as dores voltaram a incomodar e passei a noite em claro..... No Domingo de manhã repeti o CTG e embora houvesse registo de contracções não havia dilatação. Continuamos para segunda de manhã, mais um CTG, tudo bem, algumas contracções mais fortes mas nada de dilatação.
O medico assistente aborreceu-se de esperar e mandou-me para casa, para estar numa cama com dores então também podia ficar em casa. Como sou bem mandada vim para casa, comi e fui dormir um pouco porque desde a noite de quinta que não pregava olho, durante a noite com dores, durante o dia dores e reboliço...
Acordei 2 horas depois com uma dor fortíssima, comecei a trepar pelas paredes com dores nos rins e na barriga de 10 em 10 minutos. O meu marido chegou a casa e achou que devíamos ir de imediato para o Hospital, tentei aguentar mais um pouco porque já estava traumatizada com tanto tempo lá enfiada numa cama....
As contracções já se contavam de 5 em 5 minutos e decidimos partir, o caminho foi horrível, não sabia bem onde me agarrar ou se devia bater com a cabeça para atenuar aquela imensa dor e pensar noutra. Chegada ao Hospital o Zé deixou-me na urgência e foi arrumar a carrinha, trouxe o meu saco e o da Filipa e lá fomos nós para a maternidade........
Quando foi feito o exame de dilatação tinha 2 cm, ainda faltava um bocadinho até à epidural.... mas pronto, temos que aguentar... O problema surge quando eu me apercebo que medica e enfermeira trocam comentários como: "Parece-me que temos uma gravidez de Mé"....... Eu subentendi que haveria mecónio no liquido amnióico....... queria perguntar mas as dores que sentia não me deixaram elaborar grande coisa.
Passámos para outra sala para fazer CTG e aí deu-se o pior, algo não estava bem mas também ninguém me disse nada. O Zé teve que sair á meia-noite da sala e aguardar que alguém o chamasse para assistir ao parto. Em 5 minutos tudo mudou, afinal íamos descer para o bloco operatório para cesariana de urgência. Cheguei ao bloco num instante, conclui que realmente havia algo de errado e só podia ser aquilo mesmo, a minha filha estava em sofrimento e não havia tempo para parto normal.......
O Zé foi avisado para esperar á porta da bloco, iria ver passar a bébe. Eu levei anestesia geral e apaguei.
Passado meia hora a Filipa nasceu, eu só vim a acordar ás 2 da manhã.
O Zé estava á porta do bloco mas achou estranho passar uma incubadora para dentro, afinal se a nossa bébe é grande e sem problemas o mais certo é ser para outra pessoa....
Algum tempo depois sai a incubadora, com um bébe, um pediatra a reanimar e umas enfermeiras. Havia alguns comentários como: "Isto tá complicado!!!!"
O Zé dirigiu-se á enfermeira e perguntou por mim e pela filha, o pior foi quando lhe responderam que aquele bébe que seguiu na incubadora a ser reanimado e que originava comentários tão pessimistas entre a equipa era o nosso. Caiu o mundo...... caiu tudo, porquê??? o que aconteceu??? são perguntas que nos limitámos a fazer até nós próprios e sem resposta.
A enfermeira explicou de uma forma bastante evasiva o que aconteceu "mas hoje já não adianta ficar aqui, a sua esposa pode levar muito tempo a acordar e amanhã logo pelas 9:00h vai á neonatologia e fala com os pediatras......" E ponto.
Eu assim que acordei tive a sensação de me estar a afogar, sem conseguir respirar e sem conseguir tossir porque estava cheia de dores. Se foi 1 minuto então esse minuto foi uma eternidade.... Eu recuperei e perguntei de imediato: "A Filipa"??????
" A Filipa deve ser a sua filha não???" Eu respondi que sim, e a enfermeira respondeu de uma forma bem distante. "Ela foi para a neonatologia!" e eu perguntei se depois a iria lá buscar claro, a minha filha deve estar é ao pé de mim. Ela respondeu que não, e quando e voltei a insistir no que é que aconteceu a enfermeira livrou-se dizendo que: "Eu não estava lá dentro, não sei o que se passou".... Perguntei só se por acaso o meu marido sabia que a Filipa foi para a neo, ela repondeu que sim que estava á porta quando ela saiu.
Fui para o quarto, ao fim de alguma insistência a enfermeira de obstetrícia que me foi buscar lá me explicou mais qualquer coisa. A Filipa aspirou mecónio, muito mecónio, nasceu em paragem e foi levada para a neo.
O meu telefone tinha ficado com o Zé, que por acaso ainda me iria ver na hora do parto.... Estava em pânico. foi um turbilhão de sensações e era tal a adrenalina que não havia dores nem sonolência nem vestígios de uma cirurgia.
Assim que clareou toquei a campainha, queria levantar-me e precisava de ajuda. As enfermeiras de inicio não queriam mas rapidamente cederam. Ou isso ou vou sozinha.......
Lavei-me o mais que consegui e fiquei sentada na cama á espera do pequeno-almoço, não podia sair de lá sem o tomar. Chegou ás 9:30h, parecia uma eternidade, pedi também por favor um telefone para poder ligar ao meu marido, precisava falar com ele o quanto antes.
Ingeri metade do pão e o leite e entretanto ele chegou. Corremos para a neo, quem me viu andar diz que eu não tinha passado por uma cesariana 9 horas antes.....
Assim que me indicaram a incubadora foi a pior sensação da minha vida, impotência, sofrimento, perda, e um aperto no peito que não tem tamanho.......
A nossa filha nasceu em paragem respiratória, foi aspirada, teve muita dificuldade para reanimar e o futuro é imprevisivel.........
3 dias depois ainda não nos habituámos mas encaramos com ânimo a situação, o Zé tem sido o meu pilar ou eu não aguentaria. Tem havido alguma melhoras mas os dias sem ela custam muito a passar. Há momentos que nunca vamos esquecer, a primeira vez que a vimos, a saída do Hospital, o entrar no quarto e ver a caminha dela, o desfazer a mala da maternidade...
Todos os dia são uma conquista e a nossa princesa é forte, nasceu com 3, 460Kg e é linda.

Ganhamos força, coragem e confiança a cada experiência em que verdadeiramente paramos para enfrentar o medo.(Eleanor Roosevelt)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Os ultimos dias da gravidez....

Pois é, estamos na recta final para o parto.
A ansiedade é mais que muita, a cada dia que passa é sempre a expectativa de que vai ser hoje o grande dia, depois chega ao fim e pensamos: "Talvez amanhã!!!"
os sintomas são os normais, inchaço nos pés e nas mãos, desconforto, algumas dores pelo caminho mas sempre com boa disposição.
Há quem diga que eu estou mesmo com cara de gravida, por estar um pouco rechonchuda e segundo os "entendidos" está para muito breve......
Durante o dia tento descansar o mais que posso, até porque me canso com facilidade. Opto por me recostar no sofá e divido o tempo entre a TV, o blog e a leitura. A Filipa de vez em quando lembra-se de dar sinal de vida, entre pontapés e cotovelos e sei lá mais o quê parece estar a arrumar a casinha para entrar na sua nova vida.
Sinto algumas dores que associo a contracções, nada de intenso ou de frequência regular e por isso não entro em pânico. Se mudar de posição ou me deitar um pouco passa logo significa que ainda não é hora de ir ao Hospital. As pernas pesam toneladas e as costas doem a cada movimento. O peso altera de dia para dia, sempre mais umas 100grs ou 200grs, até já evito de ir á balança.....
Á noite, depois de jantar eu e o Zé, o meu marido optamos por dar sempre uma voltinha pelo quarteirão. È aconselhavel andar a pé nesta fase, ajuda na dilatação..... depois qdo chegamos a casa fazemos um pequeno lanche e depois cama!!!!
Aí começa outra batalha, primeiro arranjar uma posição confortável que se divide entre virada para o lado esquerdo ou virada para o lado direito já para não falar na dificuldade em respirar, depois esquecer todos os incomodos para conseguir que o sono chegue. Como não chega pensamos em milhentas coisas, nem vale a pena dizer quais.... Chegamos ao ponto de imaginar a cara da nossa filhota a rir-se para nós e tanto andamos que vamos direiteinhas ao pior receio..... o parto......
Agora só resta esperar que chegue o grandioso dia.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Dignidade??? Será que conhecemos o seu verdadeiro sentido???

Estamos numa época marcada pela falta de ética onde é predominante a mentira, a desarmonia e o desvio de condutas morais. Os Homens de hoje encaram a sua própria imagem social como a jóia da coroa o único objectivo de vida. Não importa quem se esmaga, como se esmaga e o que se destrói desde que "eu" consiga alcançar o meu status, o meu objectivo.
O que vale é o império dos seus desejos e as vantagens que possa vir a obter através da manipulação daqueles que o rodeiam. É óbvio que desconhece e desconsidera qualquer princípio ético, pois, só preocupa em conseguir o que deseja ter e estar satisfeito com relação às suas ambições.
O mundo de hoje aparece-nos como uma tela hipócrita em que todos falam de paz, justiça, condições de vida para todos, blá, blá, blá.... Na realidade não é nada mais que uma fachada pitoresca para esconder aquilo que realmente sentem, aquilo que realmente fazem. As injustiças, a opressão aos mais fracos, a destruição e a vanglória do poder.
A corrupção domina os noticiários, as injustiças dominam o nosso dia-a-dia, e a cada segundo descobrimos que as pessoas em que confiamos não passam de meros figurinos neste palco. Pessoas que nada merecem, que nada valem e que no fundo temos que as respeitar somente porque esta sociedade nos impõe. É triste esta hierarquia, é triste um mundo regido de cunhas e não de trabalho e dedicação, é triste perceber que quem se dedica e trabalha nunca é reconhecido e nunca pode chegar mais além e quando o tentamos fazer de modo justo e honesto concluímos que somos abandonados e excluídos porque estamos no caminho de alguém.
Será que é isto que queremos passar aos nossos filhos?? saber que não dormimos de consciência tranquila mas afinal estamos lá, no pódio.
"No reino dos fins, tudo tem um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem um preço, pode pôr-se, em vez dela qualquer outra coisa como equivalente; Mas quando uma coisa está acima de todo o preço, e, portanto não permite equivalente, então ela tem dignidade" Kant.
Os comportamentos que mais indignificam o próprio são os que indignificam os outros, como se costuma dizer, a seguir ao inverno vem sempre a primavera, quer queiramos quer não.
Se agir sempre com dignidade, talvez não consiga mudar o mundo, mas será um canalha a menos.
John F. Kennedy

Eu e a Filipa mágica....

Quando descobri que estava grávida foi das melhores sensações que alguma vez já tinha sentido. Havia uma grande mistura de sentimentos, confusão, felicidade, incerteza, sei lá... Tudo nos passa pela cabeça, os pensamentos mais mágicos, a sensação de unico ser no mundo.
Já lá vão 34 semanas de convivência e a cada dia que passa tudo fica mais claro, mais sentido, mais forte.
A Filipa mexe-se muito e é muito pouco previsível visto que nunca há hora exacta para dar inicio ao tempo de ginástica.
Cá em casa já está tudo preparado, a cama, o carrinho, os produtos, as roupinhas, tudo. Até parece que vem já amanhã.....
Estes meses foram uma descoberta pelo mundo mágico. Tomar consciência que trazemos um ser dentro de nós e que depende em tudo, do que fazemos, do que comemos de como lidamos com a nossa vida. É nestas alturas que o verdadeiro sentido da vida nos aparece á frente e que se revela inquestionável. Somos nós, pais, que começamos desde já a proteger este bebé, esta pequena e indefesa criatura que fomos nós que criámos. Mesmo a falta de experiência nos vai ensinando como avançar um dia de cada vês. Dou por mim a tomar decisões em função da minha filhota, mas como????? se ela ainda está na barriga??? como é possivel????
Não é agradável ver o corpo a mudar de dia para dia, o peso a aumentar em todo o corpo todos os meses, o mau-estar e a impotência de executar gestos básicos como calçar umas peúgas ou cortar as unhas dos pés.

Mas vales sempre a pena.
A felicidade humana é produzida não tanto pelos bons momentos de sorte que acontecem raramente, mas pelas pequenas vantagens que conseguimos a cada dia.
Benjamin Franklin